segunda-feira, 6 de abril de 2009

VAZIO

Vontade de nada. Nem de carinho. Queria que fosse possível hibernar até a minha morte. Tudo me parece muito complicado, muito difícil. Ver TV, escrever estas linhas, ouvir música, nada me apetece, tudo é em vão, tudo é vão. Sou uma pálida sombra de mim mesmo, a luz difusa que incide sobre mim não revela nem esconde, porque agora sou homem-nada, sou só tristeza e desânimo, sem idéia de quais forças externas pudessem me renovar. Droga de doença, droga de angústia, queria que as drogas funcionassem logo, já que tomo tantas, de tantos sabores e dissabores. Minha vida me vem amarga na língua da alma, meus olhos estão cansados de ver, meu peito cansado de sentir esse vazio ininterrupto, único verdadeiro companheiro desses dias de não. Queria pular deste palco decorado de tristezas e amarguras, vazio, a não ser pela minha presença mórbida, e saltar para o vazio da não existência, para o ventre oco do nada. Os outros tentam me animar, dizem que é tristeza ligeira, que logo passa, que é só ter paciência. Não percebem eles que há meses sou escravo de Jó.

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