quarta-feira, 22 de abril de 2009

ABRIL PRO ROCK 2009


Rock sem cerveja, você já viu, né? Mas mesmo assim resolvi encarar a segunda noite do Abril 2009. Encontrei Zé Guiga na entrada. Estava rolando The Keith, um rock com guitarras distorcidas, uma certa melodia e pouca personalidade. Entrei na apresentação do Retrofoguetes. Boa banda, ótimos músicos, bons de palco, vestidos com o que pareciam ser fardas de gari. Faziam uma espécie de surf music instrumental, ligeira e cheia de energia. Têm talento, mas o nicho musical é muito específico. Depois veio a Heavy Trash dos Estados Unidos. Também com um competente e animado show, embora a platéia fosse pequena (achei o público pequeno para o que sempre foi o Abril Pro Rock). De Trash a banda não tinha nada, fazia um rock meio Elvis Presley misturado com, arrisco dizer, blue grass, com uma violão meio caipira. O vocalista estava animado e tentou interagir bastante com a galera, pena que a maioria não entendia (por faltar o Inglês necessário e porque o som não ajudou). Talvez esteja desacostumado a shows de rock, mas achei o volume em geral, alto, o que fazia para mim, pelo menos, os sons se misturarem.

Depois do Heavy Trash, foi a vez da pernambucana Volver, que, pelo que vi, já tem um séquito de adoradores por aqui, que entoaram as canções e acompanharam entusiasticamente a apresentação. Achei a banda um diamante bruto, a ser lapidado. Tem potencial para criar hits, boas melodias, mas por vezes se perdem, seja nas letras, seja na postura de palco. Achei interessante de ver e, com o apoio certo, acredito que possa estourar.

Seguindo o Volver veio a galera do Vanguart. Foi quando eu dei uns pegas com a turma do Paulo Francis (muito legais). Fiquei me indagando quanto seria o cachê da banda (com DVD gravado pelo Multishow e tals). Pensei ser algo em torno de R$ 10.000,00, mas um casal de amigos disseram achar que não passava dos R$ 5.000,00 mais passagem e estadia. Pode ser. Acho o som do Vanguart meio amelódico e repetitivo e a voz do cantor me pareceu, quando microfonada, mais estridente que imaginava. Não tenho nada contra a banda, mas também nada a favor. Espero que saibam aproveitar este momento em que os holofotes estão virados para eles.

Já doidão, veio a vez dos Móveis Coloniais de Acaju, que me pareceram, a princípio, uma banda de axé, só que com muitos metais e quase nenhuma melodia. O vocalista ficou pedindo coisas engraçadas ao público, como, por exemplo, para todo mundo se acocorar. Além do vocalista incansável, chamou-me a atenção um trompetista completamente endiabrado, (parecia até quimicamente endiabrado), que pulava, corria e fazia mungangas o tempo todo no palco. Minha amiga achou os brasilienses parecidos com banda de baile de formatura. No final, entretanto, as coisas melhoraram um pouco com um belo instrumental bem viajadão e com uma espécie de ska (creio que músicas do primeiro trabalho da banda [o show foi baseado no segundo CD, capitaneado por Miranda]). Foi engraçado assistir doidão a esta pululante apresentação, embora ache que tenha sido algo diferente do que o pessoal esperava da banda (tiro pelo que Zé Guiga me falou sobre eles na entrada do APR).

O Mundo Livre sucedeu os Móveis Coloniais e, como sempre, me pareceu menos melódico que em disco. Fred não é um cantor, não nasceu com esse dom e pronto. A música também fica mais crua ao vivo o que diminui ainda mais a melodia das canções. Foi durante o show que, sentado, aproveitando a lombra, encontrei a musa da noite. Uma menina linda cujo vestido a fazia ainda mais bela. Era um vestido preso pelos seios (nem grandes, nem pequenos) que descia suave e levemente até os pés, com chinelas rasteiras superdelicadas. Não fosse um blackpower tê-la ido azarar eu provavelmente teria tido coragem para dizê-la: este é um dos vestidos mais lindos que já vi e você fica magnífica dentro dele, parece que roupa e corpo foram feitos uma para o outro. E de fato assim me pareceu principalmente quando ela começou a sambar delicadamente o vestido fazendo curvas pelo seu corpo, sugerindo, revelando e escondendo suas formas. Tinha ainda o pescoço à mostra, o cabelo preso por um despretensioso coque. Fiquei olhando para seu corpo ora na penumbra do ambiente, ora silhueta diante das luzes coloridas do palco. Cheguei até a pensar: esta poderia ser a mãe dos meus filhos. Aí ela e o blackpower saíram para perto da multidão e me deixaram sentado com o meu encantamento.

Pouco depois disso começou o show de Marcelo Camelo (começou depois da meia-noite, portanto no dia do meu aniversário). Só conseguia pensar naquela que lê e não me ama. O show foi muito fiel ao disco, com umas três incursões pelo repertório do Los Hermanos (que ficaram com arranjos ótimos, menos rock, a cara dessa fase nova de Camelo). O público sabia todas de cor e mais de uma vez cantou sozinho canções inteiras. Pra descontar a canja de Los Hermanos (com direito a coro de “Uh! Los Hermanos!”), Camelo mostrou uma música inédita (pelo menos, pra mim) (algo sobre um marinheiro) e emendou com dez minutos de ruído, com cada integrante da banda fazendo abstrações com seus instrumentos. Um show para fãs. Quem não gostava ou era indiferente permaneceu como estava. Eu amei, principalmente por ter aquela que lê e não me ama na memória. Foi mesmo que tê-la ao meu lado, tão constante foi sua presença na minha mente e coração. Eu lembro dela toda vez que escuto o CD, não poderia ser diferente ou menos intenso ao vivo. Queria tanto que ela se lembrasse de mim ouvindo o CD também. Se é que ela ainda escuta ou escutou a cópia que lhe dei.

Pelo menos sem beber consegui me lembrar de todas as atrações, o que nunca ocorreu em nenhuma edição anterior do Abril que tenha ido.

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