sábado, 25 de abril de 2009

OUTROS LADOS

O que a minha mãe não leva em conta é que há a dependência química/física, mas também há a psicológica. Afinal há viciados em jogo, em compras e sei lá mais em quê. Eu tenho, no mínimo, uma dependência psicológica da cola, a busco para preencher meus vazios existenciais (que não são poucos). Pra minha mãe, dependência psicológica não existe. Se não existe, por que eu correria tantos riscos, agiria de forma tão dissimulada e magoaria tanta gente para poder ter o prazer de cheirar cola? Não teria nexo eu fazer tudo isso se não houvesse alguma forma de dependência, algo que me impelisse a passar por cima dos meus valores para obter tal prazer (que por sinal, sei de antemão, me traz ressacas terríveis).

Tenho certeza que, se ela lesse o que acima está escrito, discordaria de tudo. É como descrever cores para um cego.

XXXXX

Hoje estou com o astral ligeiramente melhor que nos últimos dias, apesar de tudo o que ocorreu ontem. Não sei se há uma correlação entre uma coisa e outra, mas gostaria que não houvesse.

XXXXX

Me sinto mais sozinho quando ouço a galera fazendo farra lá embaixo e eu sem poder participar, porque sei que me têm como um censor, porque sei que ficam constrangidos com a minha presença. Como se eu fosse me incomodar com quem fica com quem ou com quem faz o quê. Já fiz e vi mais e pior, como certeza. E, com certeza também, soube manter a discrição. É uma pena que eles – ela – não vejam as coisas assim e não vejam como é triste e solitária a minha condição, fumando cigarro no hall escuro e ouvindo a cantoria, as risadas, o estalar das bolas de sinuca, o bate-bate do pebolim, as conversas, enfim, todo carnaval sonoro peculiar dos amigos se divertindo.

Não sou amigo, mas gostaria tanto de poder ser. Não me acho ridículo por isso ou pela minha idade. Não mesmo. Eles – ela –, provavelmente, sim. Tanto que da última vez, nem interfonei perguntando se poderia me juntar a eles. Mas como quis... como quis.

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