quarta-feira, 15 de abril de 2009

ECT


O momento do último recurso do meu tratamento psiquiátrico está se aproximanto: ECT ou eletro-convulso-terapia. Isso mesmo, vão me eletrocultar na esperança que isso dê um “boot”, por assim dizer, nas minhas conexões neurais. Serão entre 8 e 10 aplicações. Meu maior medo é: e se não funcionar? Será então que tudo o que estou passando não seja mais do que mimo, que não tenha nenhum defeito no meu cérebro? Que eu esteja atuando uma farsa inconsciente? A prova dos nove está chegando e isso me angustia.

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É ruim ser eu. Esta frase me veio à cabeça há alguns dias e acho que sintetiza exatamente o que eu sinto dentro de mim.

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Percebo que pessoas queridas se afastam de mim. E que eu também me afasto de pessoas queridas. A solidão é um dos grandes males desses dias de não.

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Continuo não querendo o computador alemão que me compraram. Será que os eletrochoques me farão mudar de idéia? Sinceramente não acredito que o tratamento seja tão poderoso assim.

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A você que lê e não me ama: você continua sendo uma luz em meio a essas trevas mesmo assim, que não queira.

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Não fazer nada e não querer fazer nada são atividades muito desgastantes dos pontos de vista intelectual e social.

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Vou fazer trinta e dois e isso talvez nem seja a metade da minha vida: eis um pensamento assustador.

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Não quero ter filhos para que estes não herdem esta minha condição de odiar ser. Não desejo a um inimigo, que dirá a um ser amado e aguardado.

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Eu me lembro que era feliz, que já fui feliz. Talvez isso seja um indício que realmente eu esteja doente agora. Tomara.

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Peço perdão à minha mãe, a meu pai e aos meus irmãos por todos os aperreios. Infelizmente eu não consigo me perdoar a mim mesmo.

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Tenho tristeza, mas não tenho lágrimas para derramá-las e por isso guardo o sal das minhas mágoas detrás dos meus olhos.

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Trabalhar até morrer: acredito que seja isto o resumo da minha vida após o tratamento. É melhor do que fazer nada até morrer, pelo menos isto pude comprovar.

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