sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

SOBRE ESCREVER I

OU COITO INTERROMPIDO

Recife, 2 de janeiro de 2009.

Gostaria de ser pago para fazer isso: escrever por prazer, para dizer as palavras que quero ditas, para me mostrar, contar o que há ao redor, sentir e entender sentimentos; sim porque quando escrevo sinto e sinto o que escrevo. Às vezes me sinto pianista em pleno solo, as teclas ecoando uma sinfonia de sentidos, sons, sílabas, de ritmos, de pausas, entonações, conotações, denotações, emoções, razões, situações, opiniões... e sabe-se lá quantos mais ões... é delicioso. Deveria ser rentável também.

Às vezes, depois que escrevo, passado algum tempo, me espanto/estranho de ver que aquilo saiu de mim. Muitas vezes me parece a voz de um outro eu que ficou para trás. Noutras é como se me projetasse para dentro deste antigo eu e me transportasse para aquele tempo, para aquele universo situacional e emocional em que estava então imerso. O peito geme mais uma vez a mesma canção de outrora, com os seus acordes sofridos ou dourados.

A TV foi ligada aqui ao lado, sua cacofonia me aborrece nesse momento. Tira a minha concentração, abafa a minha poesia, me traz para um mundo mais amplo e menos meu. Em uma palavra, atrai a porra da minha atenção. Agora lascou, o telejornal. A voz em primeiro plano e a boa dicção exigidas acabaram comigo. Não consigo não prestar atenção. Vou fazer alguma coisa enquanto há televisão aqui. Depois volto.

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