quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

2009,O MEDO E A CORAGEM

Recife, 1º de janeiro de 2009.

2009 começou. Estou com muito medo do momento que criei para esta fase da minha vida. A mim me parece agora que o medo é o que sucede a coragem depois que o sangue esfria. E isso é mau. Não posso deixar o sangue esfriar. Tenho que manter esse desejo que me moveu pulsando, ou a coragem vai tomar mais e mais ares de estupidez (como, aliás, já é vista por quase todos que me cercam [à exceção de Joyce e L.]). Larguei o trabalho para perseguir o meu sonho. Ouvi o grito interior que, naquela noite decisiva, me pareceu maior que eu e que o resto, me pareceu tudo. O meu sonho abriu suas asas, majestoso e magnífico, e pediu meu corpo para que pudesse alçar vôo. Eu, encantado com a possibilidade de servir ao que sinto serem meus verdadeiros propósitos, finalmente, resolvi me entregar. É o que sempre quis mesmo que sempre tenha me parecido perigoso demais, incerto demais, grande demais para dar conta. Decidi arriscar e não passar o resto de mim perguntando a mais terrível das perguntas: “e se...?”

Breve pretendo estar em Areias, onde o trabalho de parto vai começar. Contrações fortes me fazem postar aqui. Mas só na paz de Areias poderei ser livre e meu o suficiente para criar Algo.

Estou com medo, pois minha vida está sem depois, não há aquela estabilidade preguiçosa da fonte de renda, do emprego garantido, do lar, do dinheiro pra comprar cigarro. Há apenas a minha obra, que os outros chamam de delírio. Creiam em mim, é difícil manter-se convicto quando você é a única pessoa que acredita. Mas agora já foi. Já fechei as portas que precisava fechar e outras tantas me foram fechadas em decorrência. Nunca me senti tão só. Tem sido instrutivo e destrutivo e construtivo ao mesmo tempo. Tenho que manter o espírito equilibrado e tranqüilo. Espantar esse medo que vem como febre e que custa a passar. Quero estar logo em Areias. Quero logo estar cara a cara com Algo, sem desculpas para delongas, tendo como única opção parir.

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