sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A LIBERDADE DE UM CARA JÁ LIVRE

Saí com minha amiga, e há muito tempo ex, na folga dela. Escolheu Olinda como destino, queria me mostrar o Alto da Sé e os ateliês que ela costuma visitar. Fomos e findamos, como combinado, num muito agradável bar de onde se via toda a cidade do Recife e duas belas igrejas de Olinda. Estávamos tomando cerveja, comendo batatinha com carne de sol, conversando sobre a vida, privadas quebradas, sexo (no meu caso a ausência de, no dela, nem tanto, descoberta que pensei que me pesaria mais emocionalmente), até que, lá pelas tantas, perto do pôr-do-sol, eis que surge o novo namorado dela, com fisionomia de quem vai pegar a atual com o ex. O fato de não estarmos nos atracando apaixonadamente não diminuiu a expressão em seu rosto. Deu um selinho nela – que estava bastante surpresa com a aparição repentina e enciumada dele – e abriu seu melhor péssimo sorriso. Convidei-o instantaneamente para sentar-se conosco e cedi meu lugar. Tentei ser o mais ridículo (menos sexualmente ameaçador), mais simpático e neutro possível. Não sei se surtiu algum efeito (eu certamente ficaria com ciúmes se minha namorada saísse com o ex), mas fiz o que podia.

Quando pensava que ela poderia um dia vir a namorar, previa que meu coração ficaria dilacerado, mas não. É claro que houve um desconforto, é claro que fiquei surpreso-quase-chocado, mas não foi uma punhalada no meu coração. Nem sequer um arranhão no meu peito. Descobrir isso, ainda mais da forma mais difícil, me fez um bem danado, me senti emocionalmente maduro, coisa que nunca esperei pensar de mim. Me senti também mais aberto para o mundo e suas oportunidades, pois agora, óbvia e efetivamente, não devo nada a ela nesse aspecto. Sei que isso não vai fazer muita diferença na minha vida afetiva porque sou mau de cascata e não saio pra canto nenhum, mas, de qualquer forma, me sinto mais livre e este sentimento de liberdade é deveras agradável. Mais do que nunca, eu e ela somos amigos.

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Filmes pesquisados por Olinda e arredores:
- Auto da Compadecida – Alex, garçom do Olinda Art Grill;
- Matrix – Joyce, estudante;
- Rambo II – Eduardo, vendedor de barraquinha;
- O Carteiro e o Poeta – Sérgio, jornalista;
- Carga Explosiva II – Reinaldo, cobrador de ônibus;
- O Mundo de Leland – Júnior, estudante de Educação Física.

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